quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

De Moçambique, com amor

"De Moçambique, com amor"

              
(Direitos reservados)

A minha passagem por África – “passagem” será um termo desajustado, dado que África, entranha-se-nos e fica em nós –, mais concretamente, os anos vividos durante parte da minha infância e adolescência, em Moçambique, ter-me-ão dado, já então, a noção da imensidão real do Mundo, feito de muitos mundos, diferentes daquele a que, com muita facilidade, chamamos nosso e a que, numa perspetiva mais intimista e egocêntrica, talvez possa chamar meu.

Tudo isto não passa de uma ilusão. O Mundo é o mesmo, o modo de vivê-lo é que é diferente. Penso, pois, que dentro do Mundo cabem muitos mundos, existindo, contudo, uma linha comum e contínua que os une. Essa linha tece e entretece a Humanidade. É por ela que caminhamos para sermos verdadeiramente humanos, para promovermos o ser-se humano e, quantas vezes, tornar-se humano.

Talvez esta consciência e a saudade dos lugares que outrora ocuparam e divertiram os meus sentidos, ensinando-me a verdadeira essência da diversidade cultural, tenham contribuído para a criação de histórias, como a de um pássaro gigante que voa e atravessa o mar com uma bola mágica ­– tão mágica como os sonhos da pequenada, aqueles que habitam no seu brincar –, levando-a até outros meninos, que a recebem felizes, do outro lado do mar. Noutra ocasião, sentada em frente da meiga ondulação do mar do nosso Sul português, escrevi num pequeno poema, estes versos:

Lá longe no mar azul / Vai um barquinho à vela / E os meus olhos presos nela / Uma gaivota me diz / Que aquele barquinho branco / Leva pressa de chegar / À esperança de uma criança / Do outro lado do mar.

Quis o curso inesperado e surpreendente da vida, que fosse eu, mais uma vez, a chegar ao outro lado do mar. Não sob a forma de bola, tão-pouco de barco, não de criança, como outrora fora, mas através da poesia.

Como aconteceu?

Na cidade de Pemba, mais especificamente no Bairro de Mahate, em 2022, nasce o Projeto Karibu, com o objetivo de promover a integração escolar das crianças deslocadas internas, provenientes do conflito armado que tem vindo a ocorrer na província de Cabo Delgado, desde 2017.

(comprasolidaria.pt)

Implementado pela organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD) Helpo (*) e financiado pelo Instituto Camões I.P. e pela Fundação Galp, o projeto já apoiou, diretamente, mais de 600 crianças, com material escolar, alimentação, documentação, roupa e uniformes, além de criar condições para o acolhimento dessas crianças (com a construção de seis novas salas de aula, a reabilitação de casas de banho de uma das escolas e a construção de uma biblioteca comunitária), nas duas escolas de Mahate.

Foi neste contexto que tive a ventura de, solidariamente, dinamizar uma oficina de poesia, a qual decorreu ao longo de quatro sessões online, junto de crianças de várias idades, na sua maioria deslocadas internas, vindas de Cabo Delgado, lugar de conflitos sangrentos que assolam Moçambique, há demasiado tempo.

Muitas das crianças com as quais interagi, mal sabiam Português. O dialeto com o qual cresceram também não é o mesmo que encontraram em Pemba, para onde foram deslocadas. Existiram, pois, muitas dificuldades na comunicação, mas elas nunca desistiram e eu também não.

Como elo fundamental, participou igualmente um ser humano inexcedível na sua dedicação, tenaz e resiliente, sempre cuidadoso e cuidador da dor e dos traumas daquelas crianças. Chama-se Leandro Martins e é, até ao momento, voluntário da Helpo. Também ele viu a sua casa e Missão serem queimadas na aldeia onde vivia, junto da comunidade, em Cabo Delgado, na qual pretendia desenvolver um projeto humanitário.

Tudo foi destruído, num voraz e selvagem ataque feito pelos insurgentes. Nenhuma família regressou mais àquele lugar. Muitos viram os seus entes queridos serem engolidos pela fúria da maldade humana. Ele próprio se viu na circunstância de ser um de deslocado interno.

Voltemos a Karibu.

Voltemos à oportunidade de atravessar mares e de estar em contacto com crianças, em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, na costa nordeste de Moçambique. Tudo, diga-se em abono da verdade, graças às possibilidades que nos oferecem, hoje, as novas tecnologias de informação e a Internet, em particular.

Projeto Karibu. Uma biblioteca comunitária. Crianças e jovens com muita vontade de aprender. Um workshop de poesia. Nós à distância.

(Direitos reservados)

Como chegar àqueles seres, com o(s) seu(s) próprio(s) mundo(s), feito(s) de lágrimas e de sorrisos? Feitos de um presente no qual o passado está, dramaticamente, gravado e se projeta, simultaneamente, o sonho de um futuro melhor?

Levei-lhes poesia. Selecionei cuidadosamente os poemas que lhes li.

Levei-lhes palavras e quis que percebessem que as mesmas têm corpo e alma. Têm vida própria, para além dos ditames da gramática. Têm cor, movimento, sonoridade. São capazes de criar ritmos, musicalidade, e de se projetarem no papel ou de viajarem na mente, com uma existência inesperada.

Algumas palavras dançaram nas folhas, outras voaram pelos céus. Creio que muitas brincaram às escondidas dentro da biblioteca. Várias choraram e depressa se transformaram em preces, em orações eivadas de sagrado, como o são a vida, a família, o amor, tal como também são a tristeza e a alegria, a perda, o medo ou o reencontro.

Pedi-lhes que imaginassem e libertassem as palavras. Palavras como “pássaro”, “mar”, “peixe”, “liberdade”, “montanha”, “rio”, “amizade”, “mãe”, “escola” e tantas outras. Tantas foram as que me ensinaram. Pedi-lhes que deixassem que as palavras casassem com enlevo as suas almas, o seu ser (o meu cérebro trabalhava a duas velocidades: dizer o complexo, numa linguagem simples; dizer depressa, pausadamente). Palavras. Umas foram abandonadas, deixadas num qualquer lugar esconso da memória, outras agarradas com avidez, como se de pão se tratasse. É compreensível. Quando se escreve, a empatia com as palavras é tão necessária como o sal que tempera a vida.

Passo a passo, comandados por um tempo muito escasso e dilatado, paradoxalmente (entenda-se que o tempo tem uma dimensão própria para cada ser e cada lugar; não coincidem, é certo) os textos foram chegando. Eu lia-os e insistia que podiam ser melhorados, “aqui” e “ali”.

Em determinado momento, dei comigo a pensar que iríamos perder o “fardo”. As crianças não estavam a escrever poemas. Eram pequenos fragmentos em prosa, remendando pedaços do seu passado recente e, sobretudo, costurando os sonhos do presente. Mas aqueles textos que me iam chegando, estavam plenos de sentimentos, de emoções, de ambições. Eram de gente a crescer. A crescer em todos os sentidos, incluindo na aprendizagem da língua portuguesa.

Nova sessão, novos textos. Escritos em casa, na biblioteca, no silêncio que respondia ao meu chamamento. Meu e do Leandro. Já havia laivos de poesia. Rasgos de poemas.

Passo a passo. Sem desistir.

Conheci novos casamentos e enamoramentos de palavras. Todas cheias de vida, com histórias dentro. Grávidas.

(Direitos reservados)

Nasceu, assim, um livrinho, escrito pelas vinte e uma crianças, participantes nesta oficina de poesia e beneficiárias do projeto Karibu. “Dentro de nós”, então, lhe chamámos.

Todas as crianças e jovens aprendizes de poetas o receberam e exibiram orgulhosamente.

Um pedaço deles e delas vive dentro daquele livro.

Afinal, mesmo no caminho árduo e difícil se encontra o prazer e o esforço recompensado. Quiçá, uma nesga de felicidade ou o Mundo inteiro.

………………….

(*) A Associação Helpo é uma organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD) que desempenha a sua atividade, desde 2008, em Portugal, em Moçambique e em São Tomé e Príncipe, para a promoção do desenvolvimento, através da educação e da nutrição. A Helpo desenvolve a sua atividade em comunidades rurais, participando na construção de escolas, de bibliotecas, de creches, de centros de nutrição, de cantinas escolares e de sistemas de aproveitamento de águas pluviais, a par da formação comunitária, da educação para a saúde, da assistência e da formação contínua, financiando as suas atividades através do Programa de Apadrinhamento de Crianças à Distância, de donativos livres e de projetos financiados por agências internacionais.

in 

https://sinalaberto.pt

Celeste Almeida Gonçalves

A revelação


A revelação


                             Ilustração de Cristina Malaquias


O menino chegou a casa. Era um pequeno apartamento num prédio de seis andares. Ele vivia no terceiro. Entrou e dirigiu-se para o seu quarto. Da janela, avistava uma nesga do grande rio, lá longe, imponente na sua cor azul-acinzentada. Por momentos, navegou pelas suas águas como os marinheiros de outrora, sentindo-se um aventureiro à descoberta de novos mundos.

O seu pensamento já estava tomando a forma de uma caravela, com as velas ao vento, e os seus olhos espreitavam ávidos por uma luneta, vislumbrando novas terras! Depois, num ápice, estava num daqueles navios com vários andares, tantos ou mais do que os do seu prédio. Uma verdadeira cidade! Ele era o capitão, pronto para mais uma viagem. Enquanto assim estava urdindo aventuras, ouvia os pais a conversar na sala ao lado. De vez em quando, ouvia uma frase mais exaltada e, após, um silêncio de alguns segundos.

Retomavam a seguir o fio à meada e o ritmo da conversa parecia retornar ao mesmo ponto. Há já algum tempo que o menino sentia que algo não estava bem. A mãe parecia preocupada e até triste. O pai andava nervoso e, ultimamente, tinha arranjado desculpas para escapar aos planos de fim de semana. Não tinham ido pescar, nem tão-pouco andar de bicicleta ao longo do rio. O pai fechava-se em si mesmo e ficava com o olhar vazio, macambúzio, esquecido na penumbra da sala, respirando aquele silêncio incómodo. O olhar observador do menino dizia-lhe que algo se passava. Chegada a hora do jantar, sentaram-se à mesa. O silêncio dos pais era acompanhado de um visível nervosismo. O menino olhava para um e para o outro, tentando descortinar alguma razão para aquele comportamento fora do normal.

A certa altura, hesitante e, ao mesmo tempo, solene, o pai disse: – Temos de conversar, Francisco! O menino assentiu receoso. Pelo tom da voz do pai, era coisa séria. Pensou que talvez tivesse feito algum disparate, mas não se recordava de nada.

– Vivemos tempos difíceis e, embora eu queira o melhor para a nossa família, há coisas que não dependem de mim – prosseguiu o pai. O menino ficou atónito, sem saber o que dizer. Nem parecia o pai, habitualmente tão bem-disposto e confiante. O seu rosto era o espelho da mágoa e as suas mãos inquietas amarrotavam nervosamente o guardanapo.

O pai continuou: – Sabes que, na vida, podem surgir dificuldades e é preciso saber enfrentá-las, encontrar soluções e nunca desanimar!

Francisco olhou para a mãe e viu uma lágrima correr-lhe na face. Ela disfarçou, como era seu hábito, tentando trocar as tristezas por alegrias, mas Francisco, que bem conhecia a mãe, podia ver a angústia estampada nos seus olhos. O pai prosseguiu a tarefa de explicar ao menino a situação da família. Francisco ouviu a palavra “desemprego” e escutou-o com atenção. Percebeu, então, o que se passava. A fábrica onde o pai trabalhava fechara e ele tinha ficado sem o trabalho que era o principal sustento da família, pois a mãe ganhava muito pouco nos arranjos de costura que costumava fazer. “E agora?” – era a pergunta que não lhe saía da cabeça.

Os seus olhos expressivos não escondiam o desalento, e os pais logo se apressaram a animá-lo. Mas o que tinham para lhe dizer, mais uma vez, não era fácil: – Decidimos ir para a aldeia onde vive o avô Daniel. Lá, temos casa, terra para cultivar e a companhia do avô. O pai conseguiu um emprego na vila e a mãe poderá ocupar-se da quinta e dos animais de que tanto gosta. Talvez até possa criar um pequeno negócio. Não será fácil, mas estou certo de que iremos viver melhor!

As palavras do pai ecoavam dentro de si. Apesar de gostar muito do avô e da aldeia onde costumava passar as férias, o menino sentia-se confuso e desiludido. Um turbilhão de ideias invadia a sua cabeça. Pensava no professor José, no João, na bola, nos amigos e amigas da sua escola. Até já sentia a falta dos aviões e dos elétricos, das pessoas de olhar vago e distante, das ruas ruidosas e do seu prédio. Pensava, especialmente, no seu quarto e na janela pela qual espreitava o grande rio com os seus barcos vagando nas águas calmas, fazendo-o sonhar com viagens fantásticas! “Como será viver longe daqui?”, interrogava-se.

A mãe, percebendo a preocupação do menino, procurou serená-lo: – Vais ter muito espaço para brincar, farás novos amigos e poderás crescer num ambiente saudável e tranquilo! Além disso, terás a companhia do Cusco! Sempre gostaste do Cusco!

O Cusco era o cão do avô Daniel. Um rafeiro nascido no meio das pedras, esperto e ágil, sempre a farejar e a abanar a cauda. Quando ia de férias para casa do avô, era uma alegria ver o Cusco. Ao chegar, fazia-lhe uma grande receção. Saltava, lambia-o todo e logo o desafiava para uma boa correria pelos campos. Era um cão lindo, de pêlo castanho-claro e olhos cor-de-mel, muito vivos.

Nessa noite, Francisco tinha dificuldade em adormecer. As aulas estavam quase a chegar ao fim e lá partiria ele para outro lugar. Não imaginava como iria ser. Só pensava no que iria perder. Decidiu não correr as persianas do quarto. A janela deixava entrar a luz viva dos candeeiros da rua. Reparou que não conseguia ver as estrelas e deu por si a imaginar o céu estrelado da aldeia. Entretanto, aninhou a cabeça na almofada e deixou que as lágrimas escorressem livremente.

(*) In “A Oliveira Mágica”

Celeste Almeida Gonçalves

sábado, 30 de abril de 2022

Um sonho de coruja

                                     
Ilustração de Sandra Serra para o livro "Rezinga - Um gato do outro mundo"

 

terça-feira, 26 de abril de 2022

Desafio - 3º e 4º anos do 1º ciclo - A FUGA

Estes dois meninos, o nome lhes darás e com eles, uma história inventarás. 

Certo é que fogem de algo, de alguma coisa, de um ser estrambólico e medonho, quem sabe? Ou então, não é bem disso que se trata. Afinal, o que será?

Só tu saberás. Uma aventura será escrever esta história que parece ser também ela, a história de uma aventura.

Aguarda-te um prémio, se o teu texto for um dos três primeiros selecionados, pela sua imaginação, correção escrita e clareza.

Podes enviar por aqui (pelo blog, através do formulário de contacto), ou para: celestemdag@gmail.com

Os teus professores, pais/encarregados de educação poderão ajudar-te a enviar o teu precioso trabalho.

Conto contigo! Boa sorte!

           Ilustração de Cristina Malaquias para o livro " A Oliveira Mágica"

Desafio - 1º e 2º anos do 1º Ciclo - BEATRIZ DECIDE ESCREVER UMA HISTÓRIA

A História que Beatriz está a escrever vai ser inventada por ti, com pózinhos de perlimpimpim. 

Não há limites para a tua imaginação. 

Escreve uma história, como gostares, real ou fantástica, deste ou de outro mundo, alegre ou triste, engraçada ou mal disposta...Tu saberás a magia que lhe darás. Boa sorte!

O prémio está à tua espera.
Podes enviar por aqui, ou para : celestemdag@gmail.com


                    Ilustração de Sandra Serra para o livro "Rezinga - Um gatodo outro mundo"

terça-feira, 19 de abril de 2022

Resultados do desafio "COM UM DRAGÃO NA CABEÇA", para o 4º ano e 2º ciclo (continuação - outros textos selecionados)


" COM UM DRAGÃO NA CABEÇA"


                                                                                                Escultura de António Criações


                                          Texto de: Francisco Caroço, 4º ano


"O Dragão da Paz"

Não muito longe daqui, um presidente tirano e sedento de vingança, decidiu invadir um país. As aldeias e as cidades foram arrasadas, as populações fugiam para onde podiam.

Esta história diz respeito, a um menino chamado Marco, que ficou órfão por causa dos bombardeamentos. Como o resto da população da sua aldeia, ele teve de fugir para as montanhas. Aí, encontrou uma gruta. Com o decorrer do tempo, ele começou a ouvir um barulho estranho que vinha das profundezas dela.

- Quem está aí? – perguntou o menino.

- Uh! Uh! Uh!... não te assustes. – disse uma voz grossa e avassaladora.

- Quem és tu? – disse o menino muito atrapalhado.

- Sou um dragão que tem a missão de trazer a PAZ e a HARMONIA a todos os homens.

- Aparece, que eu quero ver-te! – disse o Marco.

Num ápice, apareceu um jovem e esbelto dragão, de cores azul e amarelo.

O menino ficou com medo, e com sua voz trémula disse:

- Onde estão os teus pais?

- Estou sozinho. Os meus pais ao longo dos séculos foram sacrificados para que os homens pudessem viver em PAZ.

De repente, começaram a ouvir-se estrondos, e o menino disse:

- Anda! Vamos embora, que estamos a ser bombardeados.

Na fuga, o dragão foi atingido mortalmente, quando protegia o menino. Então, ele transformou-se numa nuvem que cobriu todo o planeta e que chegou ao coração de todos os homens e fez com que, mais uma vez, eles vivessem em PAZ e HARMONIA.

                                                FIM

                     Texto de: Benedita Amaral, 4º ano

"O dragão do jacarandá"

Era uma vez um dragão que vivia numa caverna.

O dragão estava sempre no seu canto porque todos pensavam que ele era mau. Ele ficava tão triste! Quando podia ia para o seu lugar preferido, à sombra do jacarandá.

  Como todas a pessoas já tinham ido para casa, o dragão aproveitou para passear pela aldeia. Quando anoiteceu, o dragão foi espairecer junto à sombra da grande árvore de Jacandará.

De repente, ouviu-se um grito e o dragão foi logo ver. Ao olhar, observou que um menino tinha a camisola presa num galho do jacarandá. O dragão agarrou o menino, libertou-o, abraçou-o e deu-lhe um beijinho.

  - Muito obrigado!  - disse o menino.

  - Desculpa-me, desculpa-me por favor, por favor! – continuou ele.

Assim, o dragão ganhou coragem para ir até à aldeia onde, certo dia, tinha sido humilhado pelo menino, por causa do seu aspeto.

Quando o dragão chegou à aldeia começaram todos a gritar e a esconderem-se, mas o menino apareceu e disse:

- Peço muita desculpa por tê-lo humilhado senhor dragão, é o meu herói.

E como presente, toda a aldeia mandou enfeitar com flores de jacarandá a Igreja, ficando todos os seus habitantes, amigos do dragão.

                                                    FIM


Texto de: Maria Leonor Balhau, 4º ano

"O Dragão e a Princesa"

Certo dia a princesa Ana foi dar uma volta pela floresta. Ela tinha encontrado um bebé dragão. 

  A princesa ficou muito entusiasmada. Ela levou o dragão para casa, cuidou dele como se ele fosse um bebé. Deu-lhe banho, comida e aqueceu-o. Todas as noites o dragão dormia com a princesa.

Mas todos os dias ele ia crescendo, crescendo e a cama foi ficando cada vez mais pequena para o tamanho do dragão.

Um dia a princesa decidiu ir passear com o dragão e todos ao seu redor se escondiam com medo dele. Ele sentiu-se um pouco mal, mas a princesa disse-lhe:

- Dragão, não deverias importar-te com a opinião dos outros, mas sim com a tua opinião.

O dragão agradeceu à princesa Ana, o conselho.

No dia seguinte, a princesa Ana foi dar um segundo passeio mas desta vez junto do pátio do castelo.

Os reis ficaram admirados com os passeios da princesa e do dragão mas aceitaram aquela amizade com naturalidade.

                                                  FIM

 

Celeste Almeida Gonçalves

segunda-feira, 18 de abril de 2022

"LER É O MELHOR REMÉDIO"

📚«Ler é o melhor remédio»
com a escritora Celeste Almeida Gonçalves

Durante os meses de abril e maio, será dinamizada uma atividade de mediação de leitura, com a escritora Celeste de Almeida Gonçalves, em todas as Escolas e Jardins de Infância do Agrupamento de Escolas José Silvestre Ribeiro.

Os seus livros constituirão uma oportunidade para a motivação das crianças para a leitura e para a escrita. E se o sonho mora dentro de cada um de nós, muito mais pode acontecer! Atividades diversas e criativas levar-nos-ão por viagens e descobertas inesquecíveis para cada um.

O estilo de vida saudável e o bem-estar moram, também, dentro dos livros. Este será um dos principais tópicos a abordar, a partir de cada história, nesta viagem em que muito há para ouvir, ver, ler e produzir. Dentro de cada livro existe prazer, bem-estar e saúde. Se queremos ter uma vida saudável, «LER É O MELHOR REMÉDIO!»

📌As atividades de mediação da leitura «LER É O MELHOR REMÉDIO!» integram a programação do plano de ação «Escola é Saúde, Saúde é Escola», promovido no âmbito do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE – 2ª fase) é promovido pela CIMBB e financiado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu.

Informações: educacao@cm-idanhanova.pt
#leréomelhorremédio
#saúdeéescola
#escolaésaúde
#PIICIE2 
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sábado, 16 de abril de 2022

Resultados do desafio "COM UM DRAGÃO NA CABEÇA", para o 4º ano e 2º ciclo

 " COM UM DRAGÃO NA CABEÇA"

                                                       Desenho de Benedita Amaral Andrade, 4º ano

Amigos, estou muito feliz com os vosso trabalhos! Sinto-me surpreendida e recompensada pelo desafio criado. Valeu a pena!

Todos os textos por vós escritos são especiais. Deixam uma marca em quem os lê. Seguramente, publicá-los-ei todos.

Os três primeiros textos, foram os selecionados, pois, revelaram criatividade, correção e clareza ao nível do domínio da língua portuguesa, para além de relevante inovação, na minha opinião. Os valores humanos, que todos devemos cultivar, estão, para meu contentamento, presentes no que escreveram.

Isto não significa que as outras histórias, escritas pelos outros meninos e meninas, não tenham também valor. Bem pelo contrário. Algumas são muito interessantes. 

Parabéns, aos vencedores e a todos os participantes!

Todos os pequenos escritores, ao aceitarem este desafio, receberam um livro, oferecido por este blog.

Obrigada a todos os que de uma forma ou de outra, incentivaram à escrita e ajudaram a orientar as crianças na publicação do seu trabalho.

Fiquem atentos! Mais desafios surgirão, durante os meses seguintes. E os prémios, pois claro, serão uma das recompensas! A melhor recompensa, é a vossa participação. Ler e escrever é prazer. Um bem haja especial à Professora e amiga São Seita Machado, elemento essencial neste processo, pela dinamização que fez junto dos seus alunos.

Nunca deixem de escrever!

Beijinhos.


                Texto de:  Margarida Poejo Fava Mendes de Deus, 4º ano

                                         "Aquiles"

Era uma vez um dragão que vivia na sua comunidade de dragões, rodeado da família e dos amigos, mas este dragão não era feliz. Este dragão, de seu nome Aquiles, era bem diferente de todos os outros. Aquiles, em vez de cuspir fogo, cuspia água e vivia completamente desolado com esta sua característica. 

A sua mãe dizia-lhe: - Não te preocupes filho! Um dia descobrirás utilidade para essa tua característica. Mas Aquiles não se convencia. 

Não podia brincar com os seus amigos às bolas de fogo porque só cuspia água, não podia acender uma fogueira porque só as apagava, então, isolava-se e mal abria a sua boca.

Até que houve um ano em que tudo mudou. 

Aquiles e a sua comunidade viviam um período de muito calor. Pouco tinha chovido nesse Inverno e a seca era extrema. Já não tinham o que comer, os terrenos estavam secos e a água era cada vez mais escassa. 

Os dias  eram tão quentes que todas as semanas havia fogos e foi aí que Aquiles se lembrou e abriu a sua boca. Com a sua garra de dragão sobrevoou a toda a povoação e apagou os fogos, encheu as barragens e os lagos, alagou os terrenos e, a partir daí, tudo mudou.

Aquiles passou a ser o dragão mais especial, diferente e feliz dos dragões. A sua água tinha-os salvado a todos!

FIM

                           


Texto de:  Guilherme Cruz Oliveira, 4º ano

"O dragão Arco-Íris"


Num lindo dia de Verão, há muito, muito tempo atrás vivia na maior montanha do mundo, uma família de dragões.

Eram três elementos na família: a mãe, o pai e o filho. A mãe era cabeça rosa, corpo azul e membros verdes; o pai era cabeça azul, corpo verde e membros rosa, mas o filho… ele não tinha só três cores, ele era muito diferente, tinha todas as cores do Arco-Íris.

A mãe e o pai levaram-no aos melhores médicos para dragões, mas nenhum encontrou a resposta.

Até que um dia descobriram toda a verdade.

A mãe ouviu o pai a falar sozinho e a dizer:

- Ufa! Ainda não me descobriram!

Então, a mãe disse:

- O que é que nós ainda não descobrimos?

- É que não é só ele com muitas cores, eu também! – respondeu o pai.

- Podias ter dito antes! - disse-lhe a mãe.

O filho ouviu os pais a discutirem e fugiu, mas deixou-lhes uma mensagem que tinha escrito:

- Eu fugi para muito longe de casa e chegarei ao sítio pretendido. Adeus pai e mãe. Amo-vos!!!

Os pais quando leram a mensagem saíram de casa a voar, cada vez mais rápido, à procura do seu filho.   

O pai viu uma quinta e disse para a mãe:

- Vamos ver ali em baixo.

Quando lá chegaram, ouviram um barulho estranho e a mãe disse:

- É ele! FILHOOOO!

- MÃEEEE!

Foi então que o pai disse:

- Filho, não és só tu às cores, eu também sou! Nós temos a maior sorte do mundo, porque temos um super-poder e podemo-nos transformar em qualquer cor.

E assim, uniram-se e voltaram felizes para casa.

                                                 FIM

                                                                                      

                                              Texto de:  Maria Sara Power, 4º ano

                                    "Dragões" 

Era uma vez uma menina. Ela vivia com o pai e com a mãe numa grande casa.

A menina era muito sonhadora. Acreditava na magia, mais do que noutra coisa qualquer. Acreditava que um dia veria bruxas, feiticeiros, fadas, dragões e outros seres extraordinários.

Nos desfiles de Carnaval, ia sempre vestida ora de bruxa, ora de feiticeiro, ora de fada, ora de dragão, ora de outra fantasia qualquer. E ela adorava tudo isso. Mas do que ela gostava mesmo era de dragões.

Tinha livros sobre dragões aos montões. Também tinha jogos de dragões. Sempre que ia passear, fosse com a sua família, fosse sozinha, levava livros sobre estes seres.

Numa tarde, em que ela estava no jardim a ler sobre os seus seres fantásticos preferidos, ficou tão cansada que adormeceu. Horas mais tarde a mãe foi acordá-la:

- Filipa, Filipa, acorda! Um dragão saiu do teu livro!

- O quê?! Onde está ele, minha mãe? – perguntou Filipa, entusiasmada.

- Está no jardim do vizinho da frente – respondeu a mãe.

Filipa correu para ver o dragão. Uau! Ele era tão bonito! Com as escamas azuis, verdes e vermelhas, tão brilhantes!

- Boa tarde, senhor dragão! – cumprimentou a Filipa.

O dragão respondeu:

- Boa tarde. Como é que te chamas?

- Filipa! Mas queria saber uma coisa. Porque é que vieste aqui?

- Olha, eu não tenho pais. Quer dizer, já morreram. E eu vim aqui para te levar ao meu reino!

Então, Filipa montou o dragão e, voou, voou …

Quando chegaram ao prometido reino, Filipa ficou deslumbrada. Tantos dragões!

- Podes ficar aqui dois dias. Depois tens de voltar ao teu lar.

E Filipa ficou. Durante os dois dias permitidos. Montou dragões, brincou com eles e fez muitas mais coisas.

Filipa voltou a casa, dois dias depois, e contou tudo, tudinho aos seus colegas, pais e amigo. Deslocam-se pessoas de todo o mundo, só para a ouvir.

E ainda hoje podes ver no museu dos dragões, o livro que Filipa lera naquela tarde.

                                                                                  FIM     


Celeste de Almeida Gonçalves                        

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De Moçambique, com amor

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