Pergunta a menina, sorrindo, ao senhor que passa:
- Olá, como vai o senhor?
O homem, já velho, tem o corpo cansado e o semblante carregado.
Enche-se de espanto perante o sorriso inocente da menina.
Com o tempo, esquecera-se de como é o sorriso de uma criança.
Esquecera-se da inocência e ainda mais da bondade.
Respondeu-lhe, então:
- Depois de te ver, os meus olhos já não estão cegos para a luz.
A minha alma recorda-se, agora, da ternura.
Hoje é o meu aniversário e tu és o melhor presente que recebi.
A menina sorriu ainda mais e disse-lhe:
- Quando for grande e tiver muito dinheiro, ofereço-te um presente a sério!
O homem velho e cansado encolheu os ombros e, sem jeito, entreabriu os
lábios esboçando um tímido sorriso.
Os melhores presentes eram as pessoas. Existiam poucas na sua vida, o que,
no seu caso, significava muitas. Isso sabia ele.
A menina segurou-lhe a mão e caminhou a seu lado ao longo da pequena rua.
Quando o homem velho e cansado entrou em casa, reparou que tinha girassóis sobre a mesa.
Celeste de Almeida Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário