segunda-feira, 18 de abril de 2022

"LER É O MELHOR REMÉDIO"

📚«Ler é o melhor remédio»
com a escritora Celeste Almeida Gonçalves

Durante os meses de abril e maio, será dinamizada uma atividade de mediação de leitura, com a escritora Celeste de Almeida Gonçalves, em todas as Escolas e Jardins de Infância do Agrupamento de Escolas José Silvestre Ribeiro.

Os seus livros constituirão uma oportunidade para a motivação das crianças para a leitura e para a escrita. E se o sonho mora dentro de cada um de nós, muito mais pode acontecer! Atividades diversas e criativas levar-nos-ão por viagens e descobertas inesquecíveis para cada um.

O estilo de vida saudável e o bem-estar moram, também, dentro dos livros. Este será um dos principais tópicos a abordar, a partir de cada história, nesta viagem em que muito há para ouvir, ver, ler e produzir. Dentro de cada livro existe prazer, bem-estar e saúde. Se queremos ter uma vida saudável, «LER É O MELHOR REMÉDIO!»

📌As atividades de mediação da leitura «LER É O MELHOR REMÉDIO!» integram a programação do plano de ação «Escola é Saúde, Saúde é Escola», promovido no âmbito do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE – 2ª fase) é promovido pela CIMBB e financiado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu.

Informações: educacao@cm-idanhanova.pt
#leréomelhorremédio
#saúdeéescola
#escolaésaúde
#PIICIE2 
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sábado, 16 de abril de 2022

Resultados do desafio "COM UM DRAGÃO NA CABEÇA", para o 4º ano e 2º ciclo

 " COM UM DRAGÃO NA CABEÇA"

                                                       Desenho de Benedita Amaral Andrade, 4º ano

Amigos, estou muito feliz com os vosso trabalhos! Sinto-me surpreendida e recompensada pelo desafio criado. Valeu a pena!

Todos os textos por vós escritos são especiais. Deixam uma marca em quem os lê. Seguramente, publicá-los-ei todos.

Os três primeiros textos, foram os selecionados, pois, revelaram criatividade, correção e clareza ao nível do domínio da língua portuguesa, para além de relevante inovação, na minha opinião. Os valores humanos, que todos devemos cultivar, estão, para meu contentamento, presentes no que escreveram.

Isto não significa que as outras histórias, escritas pelos outros meninos e meninas, não tenham também valor. Bem pelo contrário. Algumas são muito interessantes. 

Parabéns, aos vencedores e a todos os participantes!

Todos os pequenos escritores, ao aceitarem este desafio, receberam um livro, oferecido por este blog.

Obrigada a todos os que de uma forma ou de outra, incentivaram à escrita e ajudaram a orientar as crianças na publicação do seu trabalho.

Fiquem atentos! Mais desafios surgirão, durante os meses seguintes. E os prémios, pois claro, serão uma das recompensas! A melhor recompensa, é a vossa participação. Ler e escrever é prazer. Um bem haja especial à Professora e amiga São Seita Machado, elemento essencial neste processo, pela dinamização que fez junto dos seus alunos.

Nunca deixem de escrever!

Beijinhos.


                Texto de:  Margarida Poejo Fava Mendes de Deus, 4º ano

                                         "Aquiles"

Era uma vez um dragão que vivia na sua comunidade de dragões, rodeado da família e dos amigos, mas este dragão não era feliz. Este dragão, de seu nome Aquiles, era bem diferente de todos os outros. Aquiles, em vez de cuspir fogo, cuspia água e vivia completamente desolado com esta sua característica. 

A sua mãe dizia-lhe: - Não te preocupes filho! Um dia descobrirás utilidade para essa tua característica. Mas Aquiles não se convencia. 

Não podia brincar com os seus amigos às bolas de fogo porque só cuspia água, não podia acender uma fogueira porque só as apagava, então, isolava-se e mal abria a sua boca.

Até que houve um ano em que tudo mudou. 

Aquiles e a sua comunidade viviam um período de muito calor. Pouco tinha chovido nesse Inverno e a seca era extrema. Já não tinham o que comer, os terrenos estavam secos e a água era cada vez mais escassa. 

Os dias  eram tão quentes que todas as semanas havia fogos e foi aí que Aquiles se lembrou e abriu a sua boca. Com a sua garra de dragão sobrevoou a toda a povoação e apagou os fogos, encheu as barragens e os lagos, alagou os terrenos e, a partir daí, tudo mudou.

Aquiles passou a ser o dragão mais especial, diferente e feliz dos dragões. A sua água tinha-os salvado a todos!

FIM

                           


Texto de:  Guilherme Cruz Oliveira, 4º ano

"O dragão Arco-Íris"


Num lindo dia de Verão, há muito, muito tempo atrás vivia na maior montanha do mundo, uma família de dragões.

Eram três elementos na família: a mãe, o pai e o filho. A mãe era cabeça rosa, corpo azul e membros verdes; o pai era cabeça azul, corpo verde e membros rosa, mas o filho… ele não tinha só três cores, ele era muito diferente, tinha todas as cores do Arco-Íris.

A mãe e o pai levaram-no aos melhores médicos para dragões, mas nenhum encontrou a resposta.

Até que um dia descobriram toda a verdade.

A mãe ouviu o pai a falar sozinho e a dizer:

- Ufa! Ainda não me descobriram!

Então, a mãe disse:

- O que é que nós ainda não descobrimos?

- É que não é só ele com muitas cores, eu também! – respondeu o pai.

- Podias ter dito antes! - disse-lhe a mãe.

O filho ouviu os pais a discutirem e fugiu, mas deixou-lhes uma mensagem que tinha escrito:

- Eu fugi para muito longe de casa e chegarei ao sítio pretendido. Adeus pai e mãe. Amo-vos!!!

Os pais quando leram a mensagem saíram de casa a voar, cada vez mais rápido, à procura do seu filho.   

O pai viu uma quinta e disse para a mãe:

- Vamos ver ali em baixo.

Quando lá chegaram, ouviram um barulho estranho e a mãe disse:

- É ele! FILHOOOO!

- MÃEEEE!

Foi então que o pai disse:

- Filho, não és só tu às cores, eu também sou! Nós temos a maior sorte do mundo, porque temos um super-poder e podemo-nos transformar em qualquer cor.

E assim, uniram-se e voltaram felizes para casa.

                                                 FIM

                                                                                      

                                              Texto de:  Maria Sara Power, 4º ano

                                    "Dragões" 

Era uma vez uma menina. Ela vivia com o pai e com a mãe numa grande casa.

A menina era muito sonhadora. Acreditava na magia, mais do que noutra coisa qualquer. Acreditava que um dia veria bruxas, feiticeiros, fadas, dragões e outros seres extraordinários.

Nos desfiles de Carnaval, ia sempre vestida ora de bruxa, ora de feiticeiro, ora de fada, ora de dragão, ora de outra fantasia qualquer. E ela adorava tudo isso. Mas do que ela gostava mesmo era de dragões.

Tinha livros sobre dragões aos montões. Também tinha jogos de dragões. Sempre que ia passear, fosse com a sua família, fosse sozinha, levava livros sobre estes seres.

Numa tarde, em que ela estava no jardim a ler sobre os seus seres fantásticos preferidos, ficou tão cansada que adormeceu. Horas mais tarde a mãe foi acordá-la:

- Filipa, Filipa, acorda! Um dragão saiu do teu livro!

- O quê?! Onde está ele, minha mãe? – perguntou Filipa, entusiasmada.

- Está no jardim do vizinho da frente – respondeu a mãe.

Filipa correu para ver o dragão. Uau! Ele era tão bonito! Com as escamas azuis, verdes e vermelhas, tão brilhantes!

- Boa tarde, senhor dragão! – cumprimentou a Filipa.

O dragão respondeu:

- Boa tarde. Como é que te chamas?

- Filipa! Mas queria saber uma coisa. Porque é que vieste aqui?

- Olha, eu não tenho pais. Quer dizer, já morreram. E eu vim aqui para te levar ao meu reino!

Então, Filipa montou o dragão e, voou, voou …

Quando chegaram ao prometido reino, Filipa ficou deslumbrada. Tantos dragões!

- Podes ficar aqui dois dias. Depois tens de voltar ao teu lar.

E Filipa ficou. Durante os dois dias permitidos. Montou dragões, brincou com eles e fez muitas mais coisas.

Filipa voltou a casa, dois dias depois, e contou tudo, tudinho aos seus colegas, pais e amigo. Deslocam-se pessoas de todo o mundo, só para a ouvir.

E ainda hoje podes ver no museu dos dragões, o livro que Filipa lera naquela tarde.

                                                                                  FIM     


Celeste de Almeida Gonçalves                        

sábado, 19 de março de 2022

Resultados do desafio para o Pré-Escolar e 1º ano, a partir da leitura do livro :" A bola e o pássaro"

Viva a leitura! Os livros têm poderes mágicos!

Todos os trabalhos que recebi  são especiais e muito bonitos.
 Parabéns a todos!
Estas três primeiras, foram as ilustrações selecionadas e são premiadas com um livro
Muitos parabéns aos vencedores deste desafio.
Muito obrigada pela vossa participação.

Ler é uma animação! 



Ilustração coletiva do Jardim de Infância de Monsanto - Idanha-a-Nova

 
      
Ilustração do André, 4 anos. Jardim de Infância de Rossas - Bragança


Ilustração do Miguel, 5 anos. Jardim de Infância de Rossas - Bragança


Outros lindos trabalhos recebidos:


Matilde, 4 anos


Jorge, 4 anos


Pedro, 3 anos


Nelson, 3 anos





Celeste Almeida Gonçalves


terça-feira, 15 de março de 2022

Dois desafios, participantes muito criativos

Amigas e amigos,

Ainda estão a chegar alguns dos trabalhos das crianças, em resposta aos desafios lançados, neste blog.

Creio que algo de maravilhoso está a acontecer. Meninas e meninos revelam ser, desde muito cedo, capazes de criar obras fantásticas. Aguardem, um pouco mais.

Vai valer a pena ver e ler o que têm para nos mostrar.

Que bom! Estou entusiasmadíssima e muito grata a todos os que têm acompanhado estes desafios, contribuindo com a sua preciosa orientação, junto dos mais pequenos.




quarta-feira, 9 de março de 2022

2º desafio - Para as crianças do pré-escolar e 1º ano


 Amiguinhos,

Vou tentar alojar, aqui, o vídeo gravado por mim, em minha casa.

Enquanto tal não acontece, deixo-vos o link do Facebook, onde ele já está publicado:

 https://www.facebook.com/celeste.m.goncalves


Com a autorização dos vossos pais/cuidadores, poderão ouvir e ver a história do livro "A Bola e o Pássaro".

O desafio consiste numa ilustração/desenho, inspirada no livro.

São livres de criar e fazer o que mais gosto vos der. 

Enviem para: celestemdag@gmail.com

Os trabalhos vencedores serão premiados com três livrinhos:

"A Bola e o Pássaro" - texto de Celeste Almeida Gonçalves e ilustração de Sandra Serra;

"O Monstro das cores" - texto de Anna Llenas e ilustração da autora do texto;

"O meu urso GRANDE, o meu urso pequeno E EU" -   Texto de Maragarita Del Mazo e ilustração de Rocio Bonilla

Em breve, conto poder publicar o vídeo, aqui, no blog. 

Vamos participar?

Chegará um livrinho pelo correio. Não é tão bom?

Boa sorte! Inspiração para todos e bom trabalho!

Beijocas


Celeste de Almeida Gonçalves

terça-feira, 8 de março de 2022

Vídeo - 1º Desafio


 

1º desafio da semana: COM UM DRAGÃO NA CABEÇA

                           Ilustração de Cristina Malaquias para o livro " A Oliveira Mágica"
 

Amigos,

Este desafio é especialmente dirigido às crianças, dos 3º, 4º 5ºe 6º anos.
O desafio consiste num conto, que deverão escrever, tendo por personagem central, um dragão.
Não há limite de palavras. O mínimo é uma página A4.
Que histórias povoam a vossa imaginação? O dragão pode ser amistoso e protetor, engraçado e um pouco amalucado; terrífico e lutador ... e muito mais!
Está dentro de vós, a essência deste dragão, ou de outro, com uma aparência, completamente diferente.
Podem enviar os vossos trabalhos para :
celestemdag@gmail.com.
O prazo limite para o envio dos vosso contributos é o dia 14 de março.
Atenção: Abro uma exceção, para os mais velhos. Se quiserem e estiverem inspirados, podem participar. Quem sabe, não terão uma grande surpresa?

Os livros selecionados para os textos vencedores, são:

"A Oliveira Mágica" - texto de celeste Almeida Gonçalves e ilustração de Cristina Malaquias;
"Rezinga - um gato do outro mundo" - texto de celeste Almeida Gonçalves e ilustração de Sandra Serra;
"A Flauta Maravilhosa" - texto de António Mota e ilustração de Catarina Correia Marques

Boa sorte! Muita inspiração!
Beijocas.

Celeste Almeida Gonçalves

sábado, 5 de março de 2022

COISAS QUE A LUA FAZ



Escrito há algum tempo, dedico-o a todas as crianças, nas quais se acendem pirilampos de esperança, apesar da negra noite.



Ilustração de Sandra Serra para o livro "Os Direitos Vão à Escola"

COISAS QUE A LUA FAZ

Demorei os meus olhos no céu
e vi a lua chorar.
Das suas lágrimas nasceram lagos,
para eu neles brincar.
Porque choras, doce lua? – decidi perguntar.
A lua entristecida disse-me a murmurar:
- Terra rima com guerra
e deste altar de luz,
vejo meninos perdidos,
no labirinto de trevas.
Vejo meninos escondidos,
dos homens que fazem guerras.
Então, eu disse-lhe a sussurrar:
- Sorri, pois Terra também rima com serra.
Lá, onde dormem sob a tua luz,
as árvores, os animais, os rios, a neve e os homens.
Em paz.
O luar encantou a noite.
E o silêncio abraçou-me.
Nos lagos de lágrimas da lua eu mergulhei os pés.
Foi então que os meus olhos se demoraram no chão.
Tinha estrelas plantadas nos dedos.

Celeste de Almeida Gonçalves

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

As crianças, vítimas inocentes da guerra - Uma ilustração sobre todas as guerras

 

        Ilustração de Sandra Serra para o livro sobre os direitos da criança "Os Direitos Vão à Escola"

A palavra Paz também significa proteção.

Dói, ver as crianças sujeitas a guerras que lhes devoram a inocência e os seus direitos elementares.
É impossível ficar indiferente ao flagelo que a guerra impõe a todos os que, de uma forma, ou de outra, sofrem e caem.
Que, apesar de toda a tragédia, as crianças sejam protegidas.
Na guerra na Ucrânia e em todas as outras.
Paz e guerra são palavras e situações universais.
Que a paz regresse, rapidamente, à Ucrânia.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

A AMIZADE

                               

                                        Ilustração de Sandra Serra para o livro "A bola e o pássaro"

 A Amizade

Tem olhos, mãos e braços.

Vê-te como tu és.

Dá-te a mão para não te deixar cair.

Conforta-te e encoraja-te com um abraço.

A amizade,

Não permite que te sintas só.

Diz-te as palavras que precisas de ouvir,

Mesmo quando tocam as feridas que te doem.

A amizade,

É brincar, sonhar, voar.

É teres um segredo que lhe podes confiar,

É teres um sorriso para dar,

É também poderes chorar,

Porque ela te secará as lágrimas.

A amizade,

Toca o teu coração.

Tem cor, luz e movimento.

Ilumina-te e aquece-te.

É uma voz que ouves quando o silêncio impera.

E também te acompanha apesar da distância.

Se te zangares,

Mergulha nas águas frias dos lagos,

Corre desenfreado pelos campos,

Percorre as ruas que acharás desertas.

Regressarás, então, ao aconchego da amizade.

Ela nunca te abandonará. E tu retribuirás sempre.

Pois, se não o fizeres, não será amizade.

A amizade, 

É divertida e não é invisível.

Tem rosto e tem nome.

A sua casa é um farol,

Que te guia na viagem.

Celeste de Almeida Gonçalves

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

" A Bola e o Pássaro" no Diário Digital de Castelo Branco.


 https://www.diariodigitalcastelobranco.pt/noticia/58595/idanha-a-nova-esgin-acolhe-lancamento-do-livro-a-bola-e-passaro--?fbclid=IwAR0aTyqZTnahkVBqnOojoNR96CyMTVdokwOuNLOInwAFOgEsVQZFgGf7WfM

Site da Arasaac -

 https://arasaac.org/materials/es/4068?fbclid=IwAR3WoXJP7Q3pKPBNCfTb5ot0v111jYozEPWIJQHKxcPnAllwdpHAn70TXWM

Querem espreitar?


 

Rezinga e o Pintassilgo Felício

  Uma das ilustrações da Sandra Serra para o livro "Rezinga - um gato do outro mundo"



Novo livro: "Rezinga - um gato do outro mundo"

 O meu novo livro, finalmente chegou.

É uma fábula que nos conta os encantos e desencantos de um gato que descobre, entre outras coisas, que os animais têm direitos.
Rezinga e os amigos prometem surpreender-vos.
A educação para a cidadania e, como tal, a formação das crianças e jovens, deve ter presente o conhecimento dos Direitos dos Animais. Este livro contém, além do texto narrativo, lúdico e pedagógico, a maravilhosa ilustração de Sandra Serra. O apelo à sensibilidade e consciência cívica ao longo da leitura, completa-se, no final, com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, bem como com sugestões de atividades que todos poderão desenvolver nas escolas.


ebook do livro "A Bola e o Pássaro - versão pictogramas

https://read.bookcreator.com/UEBg1Ao1_esI_m8dGQOvSVeydinu6T5zYbiN7rZwELU/8vO7CXqVSVWMI3pBlAW_Ig?fbclid=IwAR0lG4I2xC_mgzlBvC5yRTg6XkZCgOn99PJFMlgxb3Kvf4bhTWXe_aWvcNA

A Bola e o Pássaro

Novo Iivro destinado à literatura inclusiva através da Comunicação Aumentativa e Alternativa. Conta com o livro convencional e um outro livro com a versão com pictogramas.



https://blogue.rbe.mec.pt/lancamento-do-livro-a-bola-e-passaro-2542016?fbclid=IwAR0iRhYCg9VvTl7eiJnKWiM-5Apt7WcQJPe-aHgeFeEeA8NBQOi27Xl5oVY

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

BANCHI - Novela - Capítulo 2 "Um encontro inesperado"

 

                                                        Ilustração de Sandra Serra

Todos os garotos da minha idade acalentavam o sonho de construir uma cabana. Munido de tábuas, martelo e pregos, preciosos materiais encontrados aqui e ali, daquelas coisas que pertencem à imaginação e querer dos miúdos, lá ia eu, durante os fins de semana e nas férias, fazer a minha cabana. A sobreira, pobre árvore, consentia naquele desafio e, diga-se de passagem, era suficientemente grande para suportar o peso do meu engenho.

Foi numa dessas empreitadas que dei por mim a ouvir um latido, muito sumido no início, para ganhar ânsias de raiva e uma força tal, que me obrigou a procurar a sua origem.

Sobre uma laje de granito, emoldurada pelo verde das ervas salpicadas por pequenas flores silvestres e rodeada por enormes pedras, ali depositadas pelas máquinas das obras em construção, lá estava a bolita de pêlo. Com a barriga a rojar o chão, inchada, quiçá pelo generoso alimento da progenitora, aventurava-se, desprotegida, por um caminho que ela própria teimava em descobrir. Era um cachorro lindo, de cor branca e castanho mel, que mal abria os olhos. Pequeno no seu tamanho, não obstante, já se adivinhava neste ser, a força da natureza. Fosse pela ousadia de se afastar da ninhada, fosse pelo seu temperamento aventureiro, de procura e de afirmação num lugar onde os outros cachorrinhos se escondiam, para não serem surpreendidos e encontrados, este pequeno bicho era deveras cativante. Rapidamente se transformou num desafio, talvez maior do que eu pudesse supor, pensava para comigo, perante a emoção que tomara conta de mim.

Ali fiquei, por momentos, com o olhar preso no animal e mil e uma recordações do querer insistente de um cão que nunca tive, afloraram naqueles instantes. Não resistindo ao seu insistente chamamento, hipnotizado por aquele inesperada presença,  peguei nele e, antes que o destino me pregasse uma partida, desatei em passo certo e determinado a caminhar em direção a casa. Tenho a viva recordação da mãe a ver-me chegar, desta vez, já não criança, mas um rapaz de catorze anos, com o cãozito ao colo. Que estava sozinho, em cima de uma fria e inóspita pedra, coitadito, ia eu dizendo, estas e outras coisas, enfim, palavras certeiras, procuradas para convencer, com o afinco de quem defende uma causa. Entretanto, a mãe, olhava para o bebezito, enternecida e, o meu irmão mais novo, apressava-se a afirmar que era nosso, que não podíamos abandoná-lo. Seria uma ação condenável, não podia acontecer, repetia ele.

O drama começou.

- Podemos tentar dá-lo a alguém, ou levá-lo para o canil da proteção dos animais. – dizia a mãe. – Talvez alguém queira adotá-lo.

- Mãe! Ficamos com ele, por favor! Percebe-se logo, que não será muito grande. Já é uma vantagem. Temos um jardim, podemos ter um cãozinho. Por favor, mãe! -   implorava o meu irmão que, tal como eu, crescera com uma vontade infinita de ter um animal de estimação, de preferência um cão.

Estava a fazer-se tarde e o tempo urgia. Naquele dia, tínhamos aulas de música na cidade próxima, a alguns quilómetros da vila onde vivíamos. Mas nós ali estávamos, com a bolita de pêlo a arrastar-se pelo chão da cave da casa, um tanto perdida e provavelmente com fome.

O meu silêncio era sempre acompanhado por um certo espírito de observação. Perante todo este aparato, os meus olhos estavam focados no animalzinho e confesso que as palavras já pouca importância tinham. Observava também a minha mãe. Parecia ter um olhar cúmplice.

- Arranjem uma caixinha, e uns trapinhos. Deixamos o cãozinho dentro da caixa e vamos embora. Quando regressarmos, pensamos melhor no assunto. – disse ela, pondo fim àquele impasse.

O meu coração adivinhou uma pequena esperança. Esperança não era ainda, pois as deceções tinham sido muitas, mas ainda assim, havia naquelas palavras, enfim, naquela decisão da mãe, qualquer coisa que poderia tornar-se numa outra coisa. Não sei se me entendem.

- Quando o pai chegar vai ver o cão. Como é que vai ser? – atrevi-me a adiantar, pensando já no episódio seguinte.

- Eu telefono-lhe a explicar o sucedido e depois conversamos juntos. – justificou a mãe.

Fomos para o Conservatório. As aulas voaram e eu só queria ir para casa, voltar a ver aquela esperança em figura de cão, na realidade, um pequeno cachorrinho. Repentinamente, o dia tinha ganho uma novidade, uma expectativa.

No regresso a casa, a mãe telefonou ao pai.

- Já vi! Já vi! – respondeu ele. – Um belo serviço, é o que é!

As frases do pai eram sempre curtas e raramente deixavam dúvidas sobre os seus pensamentos ou intenções. Mas, quando a mãe me repetiu a sua resposta, confesso que fiquei confuso. Parecia querer dizer que estávamos com um problema e que teríamos de o solucionar de algum modo. Seria? Tinha para mim a secreta esperança de que também ele ficasse enfeitiçado pela bolita de pêlo. Quem sabe se a solução seria adotarmos a bolita de pêlo?

Certo é que o meu pensamento estava totalmente tomado pela existência daquele ser, imprevisto e quase improvável. Estaria a sonhar?

O meu irmão, mais falador do que eu, afirmava abertamente que o cachorrito seria nosso. Lá ia ele, no banco de trás, entretido a imaginar nomes para o animal, sítios da casa em que poderia dormir, como é que ia ser alimentado… Não se calava. Enquanto isso, eu pensava com os meus botões “Será que é desta?”.

Celeste de Almeida Gonçalves

 


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O aniversário


Pergunta a menina, sorrindo, ao senhor que passa:

- Olá, como vai o senhor?

O homem, já velho, tem o corpo cansado e o semblante carregado.

Enche-se de espanto perante o sorriso inocente da menina.

Com o tempo, esquecera-se de como é o sorriso de uma criança.

Esquecera-se da inocência e ainda mais da bondade.

Respondeu-lhe, então:

- Depois de te ver, os meus olhos já não estão cegos para a luz.

A minha alma recorda-se, agora, da ternura.

Hoje é o meu aniversário e tu és o melhor presente que recebi.

A menina sorriu ainda mais e disse-lhe:

- Quando for grande e tiver muito dinheiro, ofereço-te um presente a sério!

O homem velho e cansado encolheu os ombros e, sem jeito, entreabriu os lábios esboçando um tímido sorriso.

Os melhores presentes eram as pessoas. Existiam poucas na sua vida, o que, no seu caso, significava muitas. Isso sabia ele.

A menina segurou-lhe a mão e caminhou a seu lado ao longo da pequena rua.

Quando o homem velho e cansado entrou em casa, reparou que tinha girassóis sobre a mesa.

Celeste de Almeida Gonçalves


  Ilustração de Sandra Serra para o livro "As Flores Também Sonham"     

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